Pela terceira vez, ocupo este precioso espaço e, nele, tenho procurado refletir sobre uma experiência pessoal muito marcante de ter passado por uma delicada cirurgia cardíaca, quando eu tinha 53 anos de idade. E lá se vão quase 10 anos…
Na primeira oportunidade, (veja o texto A espiritualidade diante da frustração e do medo – Instituto ENFSERVIC – Saúde, Educação e Publicação Científica) falei das minhas inquietações diante daquele quadro e do meu receio de morrer, justamente em um momento muito significativo e promissor da minha vida, especialmente em termos profissionais, e de muita estabilidade nos outros campos. Mas, é a vida! Ela sempre vem cheia de mistérios e desafios.
Posteriormente, no texto “O valor sublime do cuidado” (veja em https://institutoenfservic.com.br/espiritualidade-e-saude/o-valor-sublime-do-cuidado/)  eu realcei algo importante que percebi nos profissionais de saúde que interagiram comigo, especialmente o zelo e o cuidado para com os pacientes. Constatei esse comportamento em todos que cuidaram de mim nos nove dias que fiquei internado naquele hospital. Para além da técnica, eles e elas se importaram com a realidade da minha vida. Entre outras coisas, me deram indicações de como eu deveria agir a partir daquele momento, mesmo sobre situações básicas como reaprender a respirar, falar e andar.
Agora, sem contar o apoio e amor dispensado pela minha esposa, meu filho, minha irmã e demais integrantes da família, quero destacar a importância dos amigos e amigas neste processo. Como diz a conhecida “Canção da América”, de Milton Nascimento:
“Amigo é coisa prá se guardar debaixo de sete chaves. Dentro do coração…”
E foram de fato “do coração”. Os dias que antecederam a cirurgia, foram vividos por mim de forma relativamente segura. Os relatos que pude ouvir de pessoas amigas que já haviam passado por situações semelhantes ou que tinham parentes e conhecidos que atravessaram processo similar me fortaleceram bastante. Além disso, recebi visitas de vários amigos e amigas em minha residência e nos dias que estive no hospital.
De fato, o clima de amizade estabelecido entre nós, pautado em bate-papos, sorrisos, abraços e orações, me ajudou enormemente a enfrentar esse tempo. Amigos e amigas traziam palavras encorajadoras, de esperança e fé, o que me deixou muito alegre, grato e confiante. Eu percebi o quão importante e necessário é, de forma constante, relativizarmos as nossas próprias ações e conhecimento para que possamos nos aquietar e aprender a ouvir melhor as pessoas e o mundo ao nosso redor.

Lembrei-me do provérbio bíblico:
“A pessoa de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão”. (Provérbio 18, 24)

O sonhar em conjunto e o sabor gratuito das amizades nos despertam a fé e o desejo pela vida e nos faz crescer e nos renovar. A gratuidade e o amor divino incondicional são coisas não muito simples para que as aceitemos. Elas exigem de nós um redirecionamento dos sentidos, uma conversão, uma mudança no coração. Assim, nunca é demais repetir a canção:
“Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração”.

Sugestão de leitura:
“Sobre gratuidade, confiança e solidariedade”. Disponível em: https://profanum.com.br/?p=987

Contato:
E-mail: cdeoliveiraribeiro@gmail.com

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